sábado, 24 de julho de 2010

GOOGLE & DIGITALIZAÇÃO DE DOCUMENTOS: REFLEXÕES

Disponível em:
http://info.abril.com.br/noticias/mercado/franca-sugere-que-ue-enfrente-o-google-books-30112009-0.shl>. Acesso em: 22 jul. 2010.

A polêmica estabelecida pela digitalização em larga escala de informações contidas em documentos variados, armazenados em diversas instituições, de forma globalizada e com um avanço típico de empresas com muitos recursos - Google - suscitou artigo escrito pelo historiador francês Roger Chartier que observa as diferentes percepções de leitura quando se muda o suporte e/ou se retiram partes da informação, descontextualizando-a:

[...] "um 'mesmo' texto deixa de ser o mesmo quando muda o suporte sobre o qual está inscrito e, com isso, suas formas de leitura e o sentido que lhe venha a ser atribuído por novos leitores. As bibliotecas sabem disso."

Roger Chartier
Disponível em:
http://leituraselivros.wordpress.com/2007/11/11/romance-ou-historia/>. Acesso em: 24 jul. 2010.


Sobre a importância dos acervos, armazenados e disponibilizados nas bibliotecas, o professor Chartier continua sua fala, defendendo a existência das mesmas:

"Cabe lembrar que proteger, catalogar e permitir o acesso aos textos continua a ser tarefa essencial das bibliotecas, e isso inclui oferecer acesso a todas as formas sucessivas ou concomitantes nas quais os leitores do passado os tenham lido. Essa é a primeira justificação da existência das bibliotecas, como instituição e como local de leitura."

Disponível em:
http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=34623>. Acesso em: 24 jul. 2010.

O historiador e professor no Collège de France alerta para o futuro desta digitalização massiva, agressiva e global que está em andamento de forma aparentemente irreversível, pela empresa californiana (Google).

E vocês, leitores deste blog, o que pensam a respeito?
Leia a reportagem e opine! Aguardo "comentários"...

2 comentários:

Cultura Subjetiva disse...

Olha, em primeiro lugar acho que o suporte livro vai deixar de existir um dia, assim como o papiro, etc... blablablabla.
Além do mais devemos saber que conservar um livro é muito mais caro que manter uma informação em um disco rigido. As facilidades tecnologicas e de acesso são evidentes.
Não entendo o que o professor Roger Chartier quer dizer com: ''o texto deixa de ser o mesmo quando se muda o suporte'', acredito que essa afirmação não faça referência ao conteúdo do texto e sim apenas ao suporte e a quantidade de pessoas que podem interpreta-lo. Acho besteira se preocupar com essas coisas, pois são consequencias inevitaveis. Se for mantido o conteúdo de forma fiel no novo suporte, não vejo problema nenhum em digitaliza-los. Pelo contrário, acho necessario.
Agora, deixar essa longa tarefa para o google, realmente seria algo bem arriscado. Entretanto, se o google não tiver exclusividade nos documentos que digitalizar, seria uma possibilidade, mas não vejo o pq da empresa fechar um acordo desses.
Enfim, o ideal seria que os governos (que teoricamente devem ser os mais preocupados com o bem da humanidade e não com o ''recheio de seus cofres'') digitalizassem essas obras e disponibilazassem o conhecimento de forma mais livre para todos. :)

Kátia disse...

Olá, Filipe!
Concordo em parte com tuas colocações: realmente a produção de textos em suporte papel está se tornando um problema (poluição, desperdício de recursos naturais, produção industrial cara, difícil conservação). No entanto, Chartier nos chama a atenção para a "profunda transformação que veremos na relação entre fragmento e totalidade. Pelo menos até os nossos dias, no mundo eletrônico, é a mesma superfície iluminada da tela dos computadores que propicia a leitura dos textos, todos os textos, quaisquer que sejam seus gêneros e funções.
Rompe-se, assim, a relação que, em todas as culturas escritas anteriores, ligava estreitamente os objetos, os gêneros e os usos. Foi essa relação que organizou as diferenças imediatamente percebidas entre os diversos tipos de publicações impressas e as expectativas de seus leitores -guiadas pela própria materialidade dos objetos que transmitem essas diferenças. Já no mundo da textualidade digitalizada, o discurso não se inscreve mais nos objetos, algo que permitia que eles fossem classificados, hierarquizados e reconhecidos em sua identidade própria."
Bem lembrado o que tu colocas quanto ao ideal do poder público tomar a si a tarefa da digitalização (mantendo os direitos autorais, claro).
Abraços

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